Fotos: Charles Guerra
TERAPIA DE AMOR: Com afeto, alegria e atenção, a vira-lata Catie, 8 anos, ajudou a tutora, Anaí, 23, a superar a depressão
Ter um bichinho de estimação é tudo de bom. Ágeis, divertidos e carinhosos, tudo o que exigem é um pouco de atenção do tutor, além dos cuidados básicos, é claro. Adotar um pet é ganhar mais do que uma companhia. É ter sempre ao lado, companheirinhos para todos os momentos, sejam eles divertidos ou não.
Apaixonada por animais desde crianças, a estudante de Medicina Veterinária Anaí Rigão de Oliveira, 23 anos, encontrou no carinho dos pets uma ajuda fundamental para conseguir enfrentar a depressão. Tutora de uma vira-lata, uma pastora belga e um galo, ela conta que eles a ajudaram a suavizar momentos difíceis, aliviar cargas emocionais e suprimir pensamentos ruins.
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- Quando eu ficava mal, as cadelas se aproximavam e faziam de tudo para chamar minha atenção. Eu não me entreguei por completo à depressão porque tinha que corresponder ao esforço delas. A pastora belga até aprendeu a abrir a porta do quarto para ficar comigo - emociona-se a estudante.
Anaí conta que, com os bichinhos de estimação, nunca se sentiu sozinha. Hoje, curada da depressão, ela adotou o shitzu Sol, que ainda é filhote. Assim que ele estiver maior, será treinado para ser uma companhia especial para pacientes que estejam em tratamento de saúde.
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BENEFÍCIOS
Entre os benefícios deste contato, a médica veterinária Liége Dembinski, de Santa Maria aponta a ajuda no controle da ansiedade, motivação para fazer exercícios físicos, socialização e, o maior de todos, a amizade incondicional.
- Ter um bichinho de estimação é ótimo para as crianças. No entanto, a responsabilidade com eles sempre deve ser de um adulto. Ainda que os pequenos sejam estimulados a cuidar do pet, o compromisso deve agregar toda a família - orienta Liége.
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De acordo com a profissional, a companhia do pet é positiva e tem a propriedade de preencher lacunas do indivíduo. Além disso, aproxima o tutor de outras pessoas que têm bichinhos, devido à oportunidade de conversarem sobre o dia a dia com seus animais.
Para o psicólogo clínico Crhistian Machado Izaguirry, os animais de estimação são excelentes companhias para as pessoas, desde a infância até a terceira idade. Ele explica que o convívio com animais diminui os índices de cortisol, hormônio associado ao estresse, ocasionando a melhoria do humor.
- Em quadros depressivos, o cão serve como facilitador do contato social. É um incentivo para o tutor sair de casa e ter contato com outras pessoas. A companhia do pet e a interação no cotidiano diminuem a sensação de isolamento e solidão - diz Izaguirry.
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AMIZADE E GRATIDÃO
Para Anaí, a vira-lata Catie, 8 anos, a pastora belga Guria, 2 anos, e o galo Jascer, 1 ano, foram remédio, amizade e aconchego. Sem eles, ela garante que tudo seria mais difícil.
- Com eles, não me sinto sozinha nunca. Sou muito grata aos meus bichinhos - conclui a estudante.
O psicólogo acrescenta que o conforto emocional gerado pela companhia do cão tem relação estreita com o tempo de recuperação dos pacientes. Ele lembra que muitos hospitais já adotam essa prática, já que os bichinhos deixam o ambiente mais descontraído.
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Coordenadora do programa de residência em área profissional de saúde em Medicina Veterinária, Anne Amaral diz que, em Santa Maria, ainda não há projetos aprovados que regularizem a entrada de pets em hospitais, com vistas ao acompanhamento de pacientes. Ela explica que, eventualmente, essas visitas podem acontecer em determinados setores de saúde, mas ainda não há liberações regulares ou oficiais.